domingo, 31 de janeiro de 2010

Plantio irresponsável danifica solo no noroeste do Paraná, aponta relatório

A erosão em áreas agrícolas de 17 municípios do noroeste do Paraná levou a fiscalização da Defesa Sanitária Vegetal (DSV) a ultimar um documento pedindo providências à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

O engenheiro agrônomo e responsável pela fiscalização do uso do solo do Departamento de Economia Rural (Deral), Jurandir Castaldo, afirma que a destruição do solo se deve ao plantio tardio da mandioca e da cana-de-açúcar numa área de 110 mil hectares. “Pedimos ao secretário de Agricultura do Paraná que discipline o correto manejo e o preparo do solo na região do arenito caiuá”, esclareceu Castaldo.

Segundo ele, a região afetada pela erosão é arenosa e sofre com o plantio tardio, na primavera e no verão, da mandioca e da cana-de-açúcar. De acordo com Castaldo, essas culturas deveriam ser plantadas só no outono e inverno, quando o solo revolvido não é afetado por fortes chuvas, como está acontecendo agora. O agrônomo denuncia que toda vez que chove acima de 100 milímetros num espaço de duas horas, toneladas de areia por hectare acabam sendo levadas pelas águas, o que provoca o assoreamento de rios e lagos.

Ele explica que o solo tem condições de suportar 100 mm de chuvas distribuídas num espaço de 24 horas. E diz ainda que um estudo do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) demonstra que áreas onde o solo está sem cobertura e revolvido em tempos de forte chuva, a terra acaba arrastando 10 toneladas de areia por hectare para os fundos de vale.

No parecer enviado à Seab, Castaldo pede para que a secretaria baixe uma resolução limitando o preparo e plantio de mandioca e cana-de-açúcar antes da primavera e do verão. Segundo ele, em terrenos com declividade entre 4% a 15% (levemente ondulado para ondulado) seja determinado o plantio durante o outono e o inverno. Já em terrenos com declividade até 4%, ficaria liberado, desde que, observada as técnicas de curva de nível para cada cultura.

“Tem rio que já mudou de curso por causa desta situação”, disse. A área da região afetada compreende 325 mil hectares - 100 mil hectares para o plantio de cana, 10 mil hectares para o plantio de mandioca e 215 mil hectares para a soja, milho, laranja, amora e criação de gado. “O ideal é que em terras arenosas haja
reflorestamento, pastagem, culturas permanentes , a exemplo da amora e laranja.”

Castaldo afirmou que, atualmente, usinas canavieiras, arrendatários e pequenos agricultores estariam fazendo o manejo incorreto do solo, sem orientação técnica. “Vamos voltar 30 anos, quando o Paraná ficou conhecido por não cuidar do solo corretamente”. O engenheiro explicou que a situação ficou mais aguda, devido às chuvas serem em maior quantidade em relação a anos anteriores.

Ele informou que a lei estadual 8.014, de 14 de dezembro de 1984, prevê advertência, suspensão de benefícios de programas do poder público para a agricultura, multas e até desapropriação da terra para quem não observar o correto manejo do solo.

Recursos
O governo do Paraná desenvolve o Programa de Gestão Ambiental Integrada em Microbacias, coordenado pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, no sentido de evitar a erosão de baixadas e fundos de vale.

Neste ano, a Seab informou que pretende investir R$ 952 mil em convênios que serão firmados com municípios para a aquisição de combustível e as prefeituras arcariam com o custo da mão de obra para combater erosões em áreas agricultáveis. Cerca de 150 hectares de solo passarão por um processo de conservação. Castaldo considera irrisória a quantia para enfrentar a situação atual. “Maiores investimentos são necessários.”

Fonte: Jornal O Diário de Maringá, edição de 30/01/2010 - Edson Pereira Filho
epereira@odiariomaringa.com.br

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