quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Cidades se reúnem para lidar com as mudanças climáticas

Líderes de grandes metrópoles estão na África do Sul para encontro do C40 com o objetivo de compartilhar soluções urbanas para enfrentar o aquecimento global; prefeito do Rio de Janeiro é o novo presidente do grupo Em Seul, na Coreia do Sul, um programa voluntário que estimula os moradores a não saírem de carro através de recompensas reduziu o tráfego em 3,7%, melhorando a qualidade do ar na cidade. Em Berlim, na Alemanha, medidas de eficiência energética em edificações geraram uma economia de € 10,5 milhões, ou 26% dos custos de energia habituais. Essas são iniciativas que podem parecer insignificantes para reduzir as emissões globais e gases do efeito estufa, mas são justamente ações de pequena escala e fácil aplicação que são o foco do grupo conhecido como C40, que reúne algumas das maiores cidades do planeta, para combater os impactos das mudanças climáticas. O mais recente encontro do C40 começou nesta terça-feira (4) em Johanesburgo, na África do Sul , e tem como objetivo compartilhar e trocar experiência sobre ações climáticas que possam ser multiplicadas por todas as cidades. “Essa é a era das [medidas] pequenas e disseminadas. O grande está morto. Trata-se de colocar nas mãos das pessoas o poder de se adaptar para ser resiliente. Não se trata de infraestrutura concreta massiva. Não se trata de transportar água pela China de uma parte que tem água temporariamente para outra que não tem. Trata-se de possibilitar a resiliência local”, observou Leo Johnson, analista da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), parceira do C40. “O que queremos não são cidades inteligentes, mas cidadãos inteligentes. As cidades que prosperarão serão aquelas que desenvolverão melhor a capacidade de seus cidadãos, que atrairão os cidadãos mais capacitados e criativos e desenvolverão suas capacidades”, continuou Johnson. A reunião do C40, que dura até o dia 6, é a quinta do grupo, que foi fundado em 2005 pelo ex-prefeito de Londres Ken Livingstone com o objetivo de auxiliar os gestores das cidades a liderarem ações políticas e tecnológicas em nível local para enfrentar as consequências das mudanças climáticas, fazendo com que cada um compartilhasse seus êxitos e experiências. As 18 cidades que começaram o grupo logo se transformaram em 63, e hoje já realizaram juntas mais de cinco mil ações para enfrentar as mudanças climáticas. Nos próximos três dias, elas focarão seus debates em três linhas: cidades adaptáveis e resilientes, a construção de cidades habitáveis e o desenvolvimento socioeconômico de megacidades emergentes. Na agenda do encontro estão o lançamento de novos dados para o relatório Ação Climática em Megacidades 2.0, um discurso de Christiana Figueres, secretária executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) e uma sessão extra que servirá para que os dirigentes relatem suas ações nas redes do C40. Figueres, que já está em Johanesburgo, ressaltou o papel fundamental que as cidades – que ocupam apenas 2% da massa de terra do planeta mas usam dois terços da energia mundial – têm no combate aos efeitos do aquecimento global, e também a vulnerabilidade que elas apresentam frente ao fenômeno, já que comportam a maior parte da população mundial e a maior parte delas se localiza perto de regiões costeiras, mais vulneráveis, já que devem sofrer com tempestades mais intensas e frequentes e com a elevação do nível do mar. “Cidades são um componente central da solução para as mudanças climáticas, já que mais da metade da população global vive em áreas urbanas, que produzem cerca de 80% das emissões relacionadas à energia. Muitos prefeitos e governadores já têm claro planos práticos para reduzir as emissões e aumentar a resiliência urbana. Bilhões de pessoas em cidades e regiões precisam compreender as muitas oportunidades da economia de baixo carbono, assim como a necessidade urgente de se preparar para os impactos inevitáveis das mudanças climáticas.” “À medida que nos aproximamos de 2015, agora é a hora para que os líderes das cidades interajam de forma mais eficaz com governos nacionais, para garantir a coerência desse planejamento e a colaboração na implementação de políticas e medidas climáticas. Apenas contribuindo acertadamente para a crescente onda de ações climáticas podemos atender às necessidades dos atuais cidadãos e às expectativas das gerações futuras.” Liderança brasileira O encontro também será o evento oficial em que Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, passará a presidência do C40 para Eduardo Paes, prefeito da cidade do Rio de Janeiro. Paes comentou que liderar o grupo será um enorme desafio. “Estou comprometido a continuar o grande trabalho que o prefeito Bloomberg já realizou e a desenvolver parcerias e iniciativas para promover o legado positivo que o C40 está criando a fim de combater as mudanças climáticas globais”, afirmou o prefeito do Rio de Janeiro. “Também aprecio a oportunidade de apresentar as lições valiosas que o Rio de Janeiro está aprendendo na corrida até as Olimpíadas de 2016. Com 70% da população mundial prevista para viver em áreas urbanas até 2050, nós como cidades estamos trabalhando com os prazos mais rigorosos a fim de preservar todos os nossos futuros”, acrescentou. Apesar de ter sido escolhido para liderar o C40, no Rio de Janeiro o mandato de Paes gera opiniões divididas, relata o jornal The New York Times, já que, enquanto o prefeito busca combater problemas no trânsito, construir escolas e integrar favelas, a cidade ainda enfrenta problemas antigos, como a desigualdade econômica e a corrupção. A população também reivindica ruas mais limpas e pavimentadas. O ex-prefeito de Nova York, por sua vez, foi nomeado enviado especial das Nações Unidas para Cidades e Mudanças Climáticas. Por suas ações durante seu mandato no C40 e na prefeitura de Nova York, Bloomberg foi elogiado, sendo chamado por Paes de “ambicioso e realista”. Em 2013, o ex-prefeito nova-iorquino gabou-se da qualidade do ar da cidade, que chegou aos melhores níveis dos últimos 50 anos, e da redução nas emissões de gases do efeito estufa (GEEs), que chegou a 19% desde 2005. Como enviado especial das Nações Unidas, Bloomberg que fazer com que as cidades tragam soluções concretas para a conferência climática que acontecerá em Nova York em 23 de setembro. Muitos países querem que esse próximo encontro seja o prazo final para que as nações industrializadas apresentem um plano de corte de emissões de GEEs para depois de 2020. “As cidades em todo o mundo estão agindo contra as mudanças climáticas, e as cidades do C40 estão liderando esse caminho. Como resultado, estamos tendo um impacto real e quantificável sobre as emissões de GEEs. Embora os governos nacionais convoquem conferências para discutir esse problema sério, as cidades do C40 se focam em ações – e nos passos específicos que podemos dar para proteger o planeta e desenvolver nossas cidades.” Fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br/noticias5/noticia=736279

Aquecimento Global e a Influência Humana

31/01/2014 Ambiente Brasil O aquecimento do planeta é “inequívoco”, a influência humana no aumento da temperatura global é “clara”, e limitar os efeitos das mudanças climáticas vai requerer reduções “substanciais e sustentadas” das emissões de gases de efeito estufa. A conclusão é do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que divulgou nesta quinta-feira (30/01), em Genebra, a primeira parte do quinto relatório sobre o tema. Os cientistas do IPCC – que já foram premiados com o Nobel da Paz em 2007 – fizeram um apelo enfático para a redução de gases poluentes. “A continuidade das emissões vai continuar causando mudanças e aquecimento em todos os componentes do sistema climático”, afirmou Thomas Stocker, coordenador e principal autor da Parte 1 do quinto Relatório sobre Mudanças Climáticas, cuja versão preliminar já foi apresentada em setembro de 2013. O documento serviu de base durante a Conferência das Partes (COP) das Nações Unidas sobre o Clima em Varsóvia, na Polônia, no final do ano passado. Em 1500 páginas, cientistas de todo o mundo se debruçaram sobre as bases físicas das mudanças climáticas, apoiados em mais de 9 mil publicações científicas. “O relatório apresenta informações sobre o que muda no clima, os motivos para as mudanças e como ele vai mudar no futuro”, disse Stocker. Correções – A versão final divulgada nesta quinta é um texto revisado e editado e não tem muitas mudanças em relação ao documento apresentado em setembro do ano passado, que elevou o alerta pelo aquecimento global e destacou a influência da ação humana no processo. “A influência humana no clima é clara”, afirma o texto. “Ela foi detectada no aquecimento da atmosfera e dos oceanos, nas mudanças nos ciclos globais de precipitação, e nas mudanças de alguns extremos no clima.” Segundo o IPCC, desde a década de 1950, muitas das mudanças observadas no clima não tiveram precedentes nas décadas de milênios anteriores. “A atmosfera e os oceanos estão mais quentes, o volume de neve e de gelo diminuíram, os níveis dos oceanos subiram e a concentração de gases poluentes aumentou”, diz um resumo do documento. “Cada uma das últimas três décadas foi sucessivamente mais quente na superfície terrestre que qualquer década desde 1850. No hemisfério norte, o período entre 1983 e 2012 provavelmente foi o intervalo de 30 anos mais quente dos últimos 800 anos”, prossegue. Aquecimento dos oceanos – O grupo de cientistas também lembra que o aquecimento dos oceanos domina o aumento de energia acumulada no sistema climático, e que os mares são responsáveis por mais de 90% da energia acumulada entre 1971 e 2010. “É praticamente certo que o oceano superior (até 700m de profundidade) aqueceu neste período, enquanto é apenas provável que tenha acontecido o mesmo entre 1870 e 1970″, diz o relatório. O nível dos mares também aumentou mais desde meados do século 20 que durante os dois milênios anteriores, segundo estima o IPCC. Entre 1901 e 2010, o nível médio dos oceanos teria aumentado cerca de 20 centímetros, diz o documento. As concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e protóxido de nitrogênio (conhecido como gás hilariante) aumentaram, principalmente por causa da ação humana. Tais aumentos se devem especialmente às emissões oriundas de combustíveis fósseis. Os oceanos, por exemplo, sofrem acidificação por absorver uma parte do CO2 emitido. Futuro sombrio – A temperatura global deverá ultrapassar 1,5ºC até o final deste século em comparação com níveis estimados entre 1850 e 1900. O aquecimento global também deverá continuar além de 2100, mas não será uniforme, dizem os cientistas do clima. As mudanças nos ciclos da água no mundo também não serão homogêneos neste século, e o contraste entre regiões secas e úmidas e regiões de seca e de chuvas deverá aumentar. O resumo do texto ainda constata que a acumulação de emissões de CO2 deverá ser determinante para o aquecimento global no final do século 21 e adiante. “A maioria dos efeitos das mudanças climáticas deverão perdurar por vários séculos, mesmo com o fim das emissões.” Até outubro, o IPCC ainda vai publicar mais duas partes do relatório e também um documento final. A segunda parte será divulgada em março, no Japão, e detalhará os impactos, a adaptação e a vulnerabilidade a mudanças climáticas. Em abril, Berlim será palco das conclusões do IPCC sobre mitigação. (Fonte: Terra) acessado em: http://campus2.funiber.org/mod/forum/discuss.php?d=51260

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